
Dezenas são detidos em confrontos com a polícia durante marcha por vítimas da ditadura no Chile

Pelo menos 57 pessoas foram detidas em confrontos com a polícia neste domingo (7) durante a marcha anual em Santiago em memória das vítimas da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990), informaram os Carabineiros do Chile.
A manifestação, que acontece anualmente, foi realizada às vésperas do 52º aniversário do golpe de Estado liderado por Pinochet, em 11 de setembro de 1973, contra o governo do socialista Salvador Allende.
Os manifestantes se reuniram nos arredores do palácio presidencial de La Moneda, no centro de Santiago, e se dirigiram para o Cemitério Central, cerca de 4 km ao norte.
"Produto dos diferentes incidentes registrados por parte de grupos de indivíduos durante todo o trajeto [da marcha], 57 pessoas foram detidas [11 delas adolescentes]", detalharam os Carabineiros em suas redes sociais. Não houve menção a feridos.
A polícia assinalou na rede X que essas pessoas foram detidas por crimes como confecção e lançamento de artefatos incendiários, desordem, danos e porte de arma branca.
Em seu primeiro balanço, os Carabineiros reportaram 17 detidos.
A marcha reuniu cerca de 2.000 pessoas e chegou ao Memorial dos Executados Políticos e Presos Desaparecidos, um monumento histórico situado no cemitério com os nomes das vítimas, constataram jornalistas da AFP.
"O país não tem memória. Nós temos que fazer memória, porque [...] o negacionismo está bastante enraizado", disse à AFP durante a marcha Ana María Carreño, de 68 anos, cujo pai, Manuel Antonio, e irmão, Iván Sergio, constam como desaparecidos.
Os confrontos entre dezenas de encapuzados e agentes dos Carabineiros ocorreram durante o percurso da marcha perto do La Moneda, em cruzamentos de ruas e nos arredores do cemitério.
Os grupos atiraram pedras, sinalizadores e coquetéis molotov, enquanto a polícia respondeu com bombas de gás lacrimogêneo e jatos d'água.
A ditadura no Chile deixou cerca de 3.200 vítimas entre mortos e desaparecidos.
T.Wright--EWJ